O fazendeiro mato-grossense Claudecy Oliveira Lemes é acusado de gastar R$ 25 milhões em agrotóxicos para desmatar uma área preservada no Pantanal no tamanho de 80 mil hectares, para plantar capim e abrir pastagem para seu gado. 


Caso é investigado pelo Ministério Público Estadual e foi destaque de reportagem do Fantástico, da Rede Globo, que foi ao ar na noite deste domingo (14).

Segundo a matéria do repórter Paulo Renato Soares, o pecuarista tem 11 fazendas em Barão de Melgaço. 


A fazenda alvo da investigação está em embargada. Todas as propriedades serão administradas por uma empresa definida pela Justiça até o fim das investigações. 

Conforme aponta a matéria, a área desmatada soma o tamanho da cidade de Campinas, em São Paulo. O objetivo do fazendeiro, conforme a apuração do MPE e da polícia, seria aniquiliar a vegetação mais alta, fazendo um desfolhamento químico por pulveraziação criminosa despejada por avião para destruir a mata. 



A equipe do Fantástico sobrevoou a área afetado e mostrou um efeito devastador, floresta seca e uma imensa mancha cinza no local. O proprietário consegue usar o espaço para transformar a área em pastagem.



A investigação da Polícia Civil descobriu que para conseguir isso, o fazendeiro teria realizado a aplicação de herbicidas ao longo de três anos. As notas fiscais revelaram, segundo investigadores, que só com a compra de agrotóxico, Claudecy gastou R$ 25 milhões.



A reportagem citou que teria sido empregado veneno usado pelos Estados Unidos para destruir na Guerra contra o Vietnã. "Quando ele joga diretamente de avião, além de matar essas árvores, influencia diretamente na fauna e na água", diz Jean Carlos Ferreira, fiscal da Sema.



Segundo a Sema, na pulverização área, ele teria usado 25 tipos de agrotóxicos, um deles tem a substância 24D, a mesma presente em um veneno chamado 'agente laranja', usado pelos Estados Unidos na Guerra contra o Vietnã. Peritos comprovaram em laboratório a contaminação na flora, fauna e na água. 

O crime foi descoberto por uma denúncia anônima. Segundo a secretária estadual de Meio Ambiente, Maureen Lazareti, a situação fez o Governo mudar o protocolo de fiscalização e investir em tecnologia e contratação de pessoal. 



O avião alugado pelo fazendeiro está apreendido em um hangar. Ele tem capacidade de pulverizar, em cinco minutos, veneno para desmatar uma área do tamanho de um campo de futebol. Notas fiscais também teriam mostrado que o fazendeiro comprou 240 toneladas de capim especial para pastagem, espécie exótica para o Pantanal. 



A Polícia Civil quer responsabilizar também o piloto do avião Nilson Costa Vileva e o agrônomo Alberto Borges Lemos, responsável escolher os produtos para o "coquetel de veneno".

Segundo a reportagem, o principal responsável, o fazendeiro já é réu em dois processos: tentou alterar o curso natural de um rio e foi flagrado desmatando vegetação nativa em área de preservação. 



Ele já tem 15 autuação por danos ambientais ao Pantanal e deveria estar recuperando a vegetação em áreas da fazenda, por acordo assinado com o Ministério Público. Claudecy decidiu não conceder entrevista e se posicionar para a equipe de reportagem. 

Conforme a reportagem, se condenado, ele deverá pagar multa de R$ 2,9 bilhões  e terá que arcar com os danos ambientais. O custo para reparar a vegetação está estimado em R$ 2,3 bilhões. 

Outro lado




Os advogados de Claudecy Oliveira Lemes dizem que ele vem cumprindo o acordo de reposição florestal feito com o Ministério Público de Mato Grosso.

O advogado do piloto Nilson Costa Vilela diz que seu cliente aplicou sementes nas fazendas citadas no inquérito, mas nega a acusação de despejo de agrotóxicos para desmatamento químico. O Fantástico não conseguiu contato com o agrônomo Alberto Borges Lemos.


Fonte: RD News

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